5 passos para transformar sua paixão em negócio
Você faz bolos deliciosos, tirar fotografias ótimas ou sabe tocar violão como ninguém. Já ouviu muitas vezes que deveria abrir um negócio e se animou com tal perspectiva. Porém, não sabe se isso realmente daria certo.
Essa é uma situação muito comum no mundo do empreendedorismo: será que é possível criar um negócio bem-sucedido a partir de um hobby ou de uma paixão?
Para todos os especialistas consultados por EXAME.com, não só é muito possível como recomendável: gostar do que faz é um grande estímulo para o sucesso no mundo empreendedor.
“A paixão é um grande combustível para o sucesso dos seus negócios. Isso pode vir, sem dúvida nenhuma, a partir de um hobby”, afirma David Pinto, diretor da escola de empreendedorismo Longitude. “Você vai naturalmente ter dias calmos e dias com desafios, nos quais será preciso buscar forças para superar. Se seu negócio já faz parte da sua essência, será um estímulo a mais para não desistir. ”
Fabiano Nagamatsu, consultor do Sebrae/SP, complementa ressaltando que o negócio nascido de um hobby geralmente não é feito apenas por necessidade – e sim pela visão de uma chance de negócio. “Este empreendedor é mais de oportunidade, porque enxerga um empreendimento a partir do que ele já gosta de fazer. Isso faz com que ele se prepare mais antes de abrir a empresa e não tome medidas desesperadas. ”
Além disso, quem cria um negócio a partir de uma paixão já existente possui características úteis para o sucesso empresarial: maior criatividade, maior capacidade crítica e maior dedicação. O empreendedor já conhece o que é feito atualmente, então consegue criar em cima disso. Ele também tem autocrítica, já que ele próprio é um consumidor dos produtos do mercado em que irá atuar.
“Essa é a chance de ele trabalhar com algo que gosta e evoluir durante o tempo, tendo um negócio que até os consumidores podem perceber que é feito com muita dedicação”, explica Luciano Lugli, fundador do Grupo E-Lar, que fornece consultoria e treinamento para empreendedores e franqueados.
Ficou animado e quer criar um negócio a partir da sua paixão, mas não sabe como? Confira, a seguir, as dicas para transformar um grande interesse em um grande negócio:
1. Você quer empreender ou só continuar com sua paixão?
Antes de começar um negócio baseado na sua paixão, responda com sinceridade: há espaço para o seu empreendimento, diante da concorrência já existente, e você está disposto a batalhar pelo seu espaço? Ou você está alimentando um sonho insustentável apenas porque gosta do que faz?
“Uma coisa é gostar de cozinhar para seus amigos e família. Outra é gerir um restaurante e ter de cumprir uma série de exigências naturais ao mundo dos negócios, como fazer horas extras e comprar eficientemente sua matéria-prima”, explica Pinto.
2. Há mais espaço no mercado?
Agora, está na hora de fazer uma extensa pesquisa do setor em que você vai atuar e decidir como você irá se posicionar.
“É preciso perceber se faltam algumas atualizações de mercado por parte das empresas do setor; se outras pessoas sentem a mesma necessidade de inovação; e se há potencial maior de compra com essa atualização, pensando no momento econômico da criação do negócio. Tem gente que segue com sonhos que não possuem viabilidade, ignorando tais passos, e então está fadada ao fracasso”, completa Lugli.
3. Outras pessoas têm o mesmo hobby?
Se você já descobriu que seu futuro mercado possui espaço para que seu empreendimento se destaque, o próximo passo é fazer uma pesquisa mais assertiva com o público-alvo pretendido: será que só você pagaria pelo que está propondo ou há outras pessoas apaixonadas pelo mesmo hobby?
O primeiro passo para responder tal pergunta é não ficar restrito apenas às opiniões de amigos e familiares: afinal, as pessoas mais próximas tendem a elogiar suas paixões, mesmo que elas não sejam suficientes para abrir um negócio. “Analise se as pessoas estão avaliando bem o meu produto porque elas são próximas ou porque ele realmente vale tudo isso. Ou, melhor ainda, faça uma pesquisa além das colegas e leve para pessoas mais distantes, em um teste de mercado mesmo”, recomenda Nagamatsu.
Pinto endossa o conselho e recomenda fazer uma espécie de “venda na planta”: procurar pessoas que tenham os mesmos interesses que você – em um fórum, por exemplo – e fazer uma pesquisa de consumo. “Comece a testar sua ideia de negócio ao apresentar seu produto, conversar com quem já consome produtos relativos ao seu hobby e adquira mais informações dos seus futuros clientes. ”
Com essa apuração real, você terá acesso a mais opiniões sobre sua empresa – o que pode levar a um ajuste de processos e até mesmo na ideia de negócio. “Às vezes, o empreendedor se empolga com a ideia e acaba não entendendo que é só ele que gosta daquilo. Para evitar perda de tempo e apresentar algo não vantajoso para o mercado, é importante fazer essa pesquisa”, diz Lugli.
“Não é muito legal quando você ouve um não sobre o que você ama. Mas, se você quer ser empreendedor, saiba que será preciso corrigir sua empresa todos os dias: seja na definição do público-alvo, nos processos ou na contratação de funcionários, por exemplo. ”
4. Você se considera um empreendedor?
Uma falha comum de quem abre um negócio a partir de um hobby é achar que tudo permanece o mesmo, fora o maior tempo de dedicação a essa paixão. Porém, para ter sucesso em um empreendimento, é preciso ter uma mudança de comportamento e reconhecer que, agora, você se utiliza do seu talento para gerar receita.
“Além de ter um hobby que desempenha bem, você precisa tornar-se um empresário. Muitos são bons no que fazem, mas não são bons no gerenciamento do negócio”, explica Nagamatsu. “Agora, você não venderá apenas para amigos e família, mas venderá para clientes. ”
Ignorar esta mudança de comportamento gera uma situação muito comum aos empreendedores iniciantes: cobrar menos do que deve, por estar desempenhando algo de que gosta muito. “Você precisa ser mais centrado e reconhecer que seu hobby virou um empreendimento. Ou seja, algo que tem um CNPJ e que gera um gasto de tempo e de dinheiro”, alerta Nagamatsu. É preciso não apenas vender, mas vender bem, com um preço adequado.
5. Você sabe equilibrar diversão e deveres?
Seguindo o mesmo raciocínio, uma outra parte do processo de reconhecer-se como empreendedor é saber que, por mais que seu empreendimento seja derivado de uma paixão, será preciso fazer tarefas mais “chatas” para que ele dê certo.
“Nem sempre você irá fazer o que gosta. Há atividades que não são prazerosas e que não trazem resultados glamorosos para quem vê de fora, mas que são essenciais para o dia a dia da empresa”, explica Lugli. “Pode acontecer de, durante muito tempo, o dono de negócio não conseguir mostrar seu diferencial ou resultado para os outros. ”
Essas atividades não tão prazerosas envolvem toda a gestão do negócio: desde realizar um estudo de mercado até ter de lidar com finanças e gerenciamento de funcionários problemáticos, por exemplo. Um empreendedor de verdade sabe que sempre é preciso reconhecer suas deficiências e buscar aprimoramentos: seja no próprio conhecimento sobre seu hobby ou sobre aspectos gerenciais.
“Leia, faça cursos, mantenha-se informado. Se sua deficiência está na capacidade de vender, tente ao menos entender como funciona a área, como identificar um funcionário produtivo e quando saber que é seu produto a causa de poucas vendas. Você não precisa ter como objetivo se tornar um vendedor, necessariamente”, conclui o especialista.
Fonte: Exame.com