O que a presidente da Croácia ensinou sobre liderança na Copa do Mundo



Os torcedores na área VIP da Fifa na Copa do Mundo tendem a ser os mais calmos do estádio. Mas durante a final entre a França e Croácia, a presidente croata Kolinda Grabar-Kitarović era um ponto vermelho e branco que se destacava na multidão.

Com a camisa do time, Kolinda passou a maior parte do jogo de pé, torcendo pelo seu país, que terminou a partida perdendo de 4 a 2 para a França. Antes de ser convidada para a área VIP pelo presidente russo Vladmir Putin, ela havia assistido a algumas partidas da Croácia em meio aos demais torcedores.

A mandatária tirou dias de folga, descontados de seu salário, para acompanhar algumas partidas da Croácia no Mundial. E, já que não viajou a trabalho, foi para a Rússia em um voo comercial. Ela, inclusive, estaria pagando pelos próprios ingressos.

Ser um líder visível de uma equipe vencedora é uma das partes boas da liderança, diz artigo do Quartz sobre Kolinda. A Croácia nunca havia chegado a uma final de Copa, e os jogadores, liderados pelo ex-refugiado Luka Modric, tornaram-se heróis nacionais.

Mas mesmo após a derrota decepcionante, Kolinda Grabar-Kitarović manteve o apoio de quando a equipe estava em ascensão no campeonato. Ela abraçou o conterrâneo Modric depois que ele ganhou a Bola de Ouro, premiação para o melhor jogador do mundial. Quando começou a chover no meio da cerimônia e vários funcionários correram para levar guarda-chuvas para Putin e as demais autoridades, Kolinda continuou na chuva para cumprimentar todos os jogadores dos dois times.

Estar disposto a projetar uma presença positiva depois de uma frustração é uma das tarefas mais importantes de um líder. Nelson Mandela era uma das pessoas que apoiava essa visão. “É melhor liderar de trás e colocar os outros na frente, especialmente quando você celebra uma vitória”, diz uma das frases atribuídas ao presidente da África do Sul. “Você assume a dianteira quando há perigo. É nessas horas que as pessoas apreciam sua liderança”.

Consolar jogadores de futebol desapontados não se qualifica exatamente como perigo, e provavelmente não é a coisa mais desafiadora do cargo de Kolinda. Mas projetar unidade e comprometimento é uma parte importante de seu trabalho — ela é chefe de Estado, não chefe do governo, papel do primeiro-ministro Andrej Plenković.

Kolinda lidera uma das economias emergentes do Leste europeu em um momento difícil para o país, apenas algumas décadas depois de uma guerra civil. Estar ao lado da equipe em momentos de frustração passa uma mensagem tão forte quanto celebrar os bons tempos.

Fonte: Época Negócios