Entenda a diferença entre empréstimo e financiamento
Empréstimo e financiamento são coisas que fazem parte do dia a dia das pessoas e das empresas. Os dois tipos de operação também estão presentes no núcleo do Sistema Financeiro Nacional (SFN), que proporciona as condições necessárias para que o dinheiro “troque de mãos” na sociedade com segurança.
No que diz respeito ao uso dos recursos financeiros, há pessoas e empresas que possuem quantias de sobra — ou seja, são agentes superavitários ou poupadores. Também existem indivíduos e negócios que têm recursos aquém do que precisam — logo, são agentes deficitários ou tomadores de crédito.
Como cada agente em particular possui necessidades específicas em relação aos valores e ao prazo para pagamento ou recebimento, ficaria difícil negociar as transferências de dinheiro de pessoa para pessoa. Para resolver esse empecilho, as instituições financeiras servem justamente para promover a circulação do dinheiro.
Devido às semelhanças entre os contratos de empréstimo e financiamento, muitos empreendedores confundem esses dois termos e acabam em uma verdadeira bola de neve graças ao alto índice de endividamento do negócio.
Pensando nisso, preparamos um post com o objetivo de melhor explorar a diferença entre empréstimo e financiamento. Acompanhe!
O que é empréstimo?
O empréstimo é um contrato firmado entre uma instituição financeira e uma pessoa física ou jurídica — esta recebe uma quantia e deve devolvê-la com juros em um prazo previamente determinado.
Quando o cliente faz um empréstimo, não é preciso que ele justifique ou vincule os recursos recebidos a uma finalidade específica. Ou seja, ele poderá utilizar esse valor para consumir bens ou pagar por outras dívidas sem a necessidade de explicar ao banco em que o dinheiro será aplicado.
Nos empréstimos, as taxas de juros e os tributos cobrados costumam ser maiores — já que o risco de inadimplência para o banco é ampliado. Isso acontece, pois, a instituição, além de não tomar conhecimento da destinação dos valores concedidos, não costuma exigir nenhuma garantia de quitação da dívida.
A principal vantagem dessa forma de captação é a facilidade e a rapidez em conseguir o recurso desejado. Até mesmo quem já enfrenta dificuldades financeiras a mais tempo e está com o nome sujo na praça pode pegar um empréstimo sem enfrentar maiores problemas ou constrangimentos – do tipo ter a solicitação negada. Além disso, se comparado ao cheque especial, o empréstimo oferece condições mais interessantes e que podem evitar com que toda a situação vire uma bola de neve na vida financeira de quem pega dinheiro emprestado.
No entanto, é preciso saber que como desvantagem o empréstimo continua apresentando uma das maiores taxas de juros do mercado e isso exige algum planejamento para que o tomador do empréstimo consiga honrar sua obrigação ao final do período contratado.
A facilidade do crédito também pode ser bastante perigosa para àqueles que não conseguem se planejar. Pegar emprestado um recurso maior do que é realmente necessário não é um comportamento muito difícil de ser visto. Isso pode acentuar uma possível dificuldade na hora de pagar o empréstimo e, assim, deve ser um ponto a ser considerado.
O que é financiamento?
Assim como o empréstimo, o contrato de financiamento consiste na concessão de crédito à pessoa física ou jurídica por uma instituição financeira credenciada. O pagamento é feito com juros e encargos em um prazo determinado.
Os financiamentos geralmente oferecem opções mais vantajosas para o cliente, já que os juros praticados são mais baixos. Em contrapartida, esses contratos exigem algum bem como garantia da dívida.
Nas hipotecas, por exemplo, o contratante adquire o crédito para a compra de um imóvel, mas a propriedade do bem só lhe será transferida quando a dívida for quitada por completo. Caso o devedor não honre o compromisso de quitar as prestações da dívida, a propriedade do imóvel passará a ser da instituição financeira credora.
Outra peculiaridade do financiamento é que os recursos emprestados pelo banco devem ser vinculados a uma finalidade específica. Isso significa que, quando o cliente contrata o financiamento, ele já estabelece, de antemão, a destinação dos recursos. Por isso, existem financiamentos específicos para a compra de carros, imóveis e maquinário para a indústria, por exemplo.
Dessa forma, a vantagem dos financiamentos é que quem opta por essa alternativa sai com o bem ou recurso no ato, facilitando o processo de aquisição ou da captação de crédito ainda que o bem ainda não esteja quitado. Somado a isso, as taxas dos financiamentos – bem como seus prazos – podem ser mais interessantes para quem está financiando.
Porém, a desvantagem é que essa operação fica atrelada à instituição financeira envolvida e isso pode representar um grande problema na hora de quitar a dívida. Caso a pessoa que tenha pegado o financiamento não consiga pagá-lo ao final do contrato, a instituição financeira pode tomar o bem e o dinheiro pago até então não é devolvido. A não ser que o financiado consiga retomar o pagamento, o bem fica sob propriedade da instituição e pode chegar a ser leiloado depois de algum tempo.
Quais são as principais diferenças entre empréstimo e financiamento?
Conforme comentado, do ponto de vista da natureza da operação, empréstimo e financiamento são formas de crédito oferecidas a pessoas e empresas por uma instituição financeira. Em ambos os tomadores têm o compromisso de devolver o valor emprestado originalmente mais os juros em determinado prazo.
Confira as diferenças mais relevantes entre as duas formas de crédito:
Finalidade
Enquanto no empréstimo o indivíduo ou a empresa podem gastar o dinheiro como quiserem, no financiamento a quantia tomada deve ter uma destinação específica — como compra de casa, aquisição de automóvel, etc.
Garantia
No financiamento, é comum que a instituição peça ao cliente algum tipo de garantia pelo valor tomado, que pode ser o próprio bem. Logo, em caso de inadimplência, quem pegou o dinheiro teria que devolver o carro, o imóvel ou a máquina para a instituição que financiou a compra do bem.
No caso da aquisição de um apartamento na planta, é comum que o valor financiado seja pago diretamente para a construtora, com base em alguns requisitos — como vistoria das obras. Portanto, nessa situação o cliente da instituição financeira não chega a movimentar o dinheiro.
Crédito
O financiamento envolve um maior cuidado na análise de crédito do que o empréstimo. Por isso, é possível obter valores mais significativos com taxas de juros menores e prazos maiores para quitar a dívida.
O valor do empréstimo, por sua vez, costuma ser limitado ao perfil da empresa e do empresário que o contrata. Assim, quanto maior o risco, menor tende a ser o valor liberado pela instituição financeira e menor tende a ser o prazo para a quitação da dívida.
Quais são as facilidades oferecidas?
Existem programas que facilitam a vida de quem precisa de uma ajuda extra seja para realizar um novo investimento dentro da empresa, renovar a infraestrutura ou até mesmo para conseguir fechar as contas ao final do mês sem ficar no vermelho com nenhum fornecedor. Esses programas consistem em dar incentivos para os empreendedores que precisam de capital externo, a partir do oferecimento de taxas mais competitivas ou de prazos mais interessantes.
Um exemplo é o programa do Governo Federal nomeado Programa Nacional de Microcrédito Produtivo Orientado (PNMPO). De acordo com a página do Sebrae, além do crédito facilitado, esse programa também oferece apoio técnico às instituições de microcrédito produtivo orientado, com o objetivo de fortalecer institucionalmente essas organizações que prestam serviços aos empreendedores populares.
Dessa forma, o empreendedor tem acesso não só ao recurso financeiro necessário para, de fato, realizar o que é pretendido. Isso porque as instituições fornecedoras de crédito também recebem orientações que visam auxiliar cada gestor nessa tarefa. Esse é um incentivo do governo para gerar mais trabalho e renda e, assim, movimentar a economia através dos empreendedores e suas empresas.
Por isso, em seu site, o Ministério do Trabalho explica com mais detalhes o assunto, incluindo a fonte de onde sai esse recurso e a instituições operadoras.
No que diz respeito aos financiamentos, as instituições financeiras muitas vezes também criam facilidades e condições especiais para se tornarem mais competitivas quando comparadas às suas concorrentes. Antes de tomar a decisão pela instituição credora, é importante realizar uma pesquisa cautelosa com todas as informações a respeito das condições de financiamento. Isso inclui as taxas de juros cobradas, a duração exigida por cada contrato, dentre outros. Feito isso, contrastar todas as opções em conjunto é uma forma de entender qual é a melhor alternativa para o seu caso e contexto.
Quando é melhor emprestar ou financiar?
Muitas vezes, uma empresa precisa de dinheiro para suprir algumas necessidades, que podem ser de curto prazo — como ter capital de giro — ou de longo prazo — como abrir uma filial. Nesses casos, ela vai em busca de crédito no mercado financeiro, passa pelas etapas de análise da instituição credora e, em caso de aprovação, recebe a quantia pedida.
Empréstimo e financiamento podem ser também considerados produtos financeiros. Logo, antes de escolher entre um e outro, o tomador de crédito precisará analisar o chamado Custo Efetivo Total (CET), que dirá exatamente quanto custará o dinheiro pego da instituição no final do contrato com a inclusão de juros, impostos e encargos.
É preciso ressaltar que esse custo dependerá de cada cliente, da taxa de juros básicos da economia (Selic), do contexto econômico e de eventuais garantias. Ainda assim, o empréstimo geralmente é usado no curto prazo e o financiamento em longo prazo.
Na escolha entre um empréstimo e um financiamento, é preciso estudar qual será o objetivo do crédito. Se for o caso de suprir alguma necessidade do dia a dia do negócio — como a compra de material, pagamento de algum fornecedor ou formação de capital de giro — é mais vantajoso pedir um empréstimo.
No entanto, se o empreendedor tem planos de expandir ou modernizar seu negócio e, para isso, necessita de um montante maior de capital, o financiamento atenderá melhor seus objetivos e terá um Custo Efetivo Total muito menor.
Como é possível pagar menos juros?
Clientes que possuem bom relacionamento com as instituições financeiras tendem a poder fazer empréstimos e financiamentos com juros menores. Além disso, quando o empréstimo é feito com garantia, como de carro ou de imóvel, o juro também pode ser mais em conta.
Já um financiamento pode ser mais barato se a instituição financeira tiver uma linha de crédito específica para determinada área — como agropecuária, construção e indústria.
Hoje em dia, como o poder de emprestar não está mais somente nas mãos dos bancos, os tomadores de crédito também podem pesquisar as condições oferecidas por empresas que emprestam diretamente pela internet.
Algumas formas de pagar menos juros são: utilizar-se de títulos de cobrança, evitar a inadimplência e ter um bom histórico de negociação com o banco. Todos são fatores que fazem com que a credibilidade do tomador do empréstimo ou financiamento aumente.
Com isso, é possível negociar taxas de juros e prazos de pagamento que sejam mais interessantes e que tornem mais fácil o cumprimento da obrigação ao final do contrato. Caso contrário, um histórico de pagamento ruim, marcado por inadimplência e atrasos faz com que o banco ou instituição credora incorra em um risco maior ao realizar o empréstimo ou o financiamento.
Esse risco é compensado por taxas de juros maiores que podem equilibrar possíveis problemas relacionados ao pagamento, impedindo que a instituição tenha prejuízo.
Você já precisou pegar empréstimo e financiamento no seu negócio? Essa necessidade de um auxílio financeiro externo pode deixar muitos gestores inseguros e preocupados com a sustentabilidade do seu negócio.
A associação de que pegar dinheiro emprestado muitas vezes significa não ter controle das próprias contas pode ser um fato assustador para algumas pessoas. De acordo com o IBGE, nos últimos dois anos mais empresas fecharam do que abriram. Além disso, a estatística de empreendimentos que encerram suas operações antes de completar cinco anos é de 60%.
Essas são evidências das dificuldades que o empreendedor brasileiro enfrenta para manter sua empresa ativa e com volume de negociações, mas que devem ser contornadas afim de retomar o volume de negócios e alcançar resultados positivos. Entender a diferença entre empréstimo e financiamento é um passo importante para isso.
Fonte: Biz Capital