Por que vale a pena conhecer seus padrões sabotadores?
Outro dia abri uma caixinha de perguntas e respostas no Instagram e recebi a mensagem de uma pessoa perguntando: “por que vale a pena conhecer os meus sabotadores?”
Achei fantástica esta pergunta. Ela continuou: “e que vai trazer de bom para minha vida?”.
Todos nós sofremos de autossabotagem e cada um tem o seu padrão específico. Chamamos este padrão de sabotador. Seu sabotador “mora” na sua cabeça e é um padrão que faz você agir de uma forma que te atrapalha.
Seja cobrando em excesso, seja evitando situações importantes, seja buscando o controle ou o perfeccionismo, seja deixando de lado suas coisas importantes para fazer somente pelos outros ou até se paralisar pelo medo da quantidade de coisas que podem dar errado.
São diversos padrões e cada um tem o seu.
E é fundamental falarmos sobre isso e você aprender a lidar com seu sabotador porque irá mudar completamente a forma de você encarar as situações e a sua vida.
O poder do sábio
Eu gosto de trabalhar o contraponto do sabotador: que é o sábio.
São duas formas diferentes de olhar cada situação. O olhar do sabotador é o olhar da crítica, o olhar do medo, da falta, da escassez. Ele até faz a gente caminhar, é um estímulo para o caminho. Mas é um estímulo pela dor.
Caminhamos pelo medo, para ter que dar certo, caso contrário irá faltar.
É uma forma dura de caminhar, de se desenvolver pela dor, com foco na sobrevivência pura e através das programações básicas do nosso cérebro que nos fazem caminhar e se relacionar com o mundo no modo proteção.
É como antigamente, quando o nosso computador iniciava no “modo proteção”: está todo engessado e travado, poucas coisas funcionam bem. No modo proteção pura, você não consegue caminhar direito, tudo é um risco e fica muito mais pesado e muito mais difícil. A caminhada é sofrida, mais difícil, além do que precisa ser.
Eu gosto de trabalhar quando começamos a agir de uma outra forma e começamos a trazer o nosso lado sábio, nosso lado mais inteligente para trabalhar. O Sábio é outro ser, além do sabotador, que mora na nossa cabeça. Estão ambos aqui dentro.
O sábio não nos move pelo medo, pela crítica, pela dor. Ele nos movimenta pelo amor, pelo discernimento, pela criatividade, pelo estímulo de achar a solução, de olhar a mesma situação por outras perspectivas, de forma que fique muito mais leve, mais fácil de lidar, para não precisar trazer todo aquele peso que o sabotador traz.
O Sabotador traz um peso gigante para cada situação e temos que lidar com todo o peso que ele traz.
Então para que eu vou ficar trazendo mais peso para eu ter que lidar em cada situação?
Vamos trazer uma outra forma de enxergar. A forma do sábio melhorar os nossos relacionamentos, nós paramos de gastar energia com preocupações, críticas e medos onde não precisamos ter. Começamos ficar mais leves e começa a sobrar mais tempo para gente fazer mais coisas. Você pode querer produzir mais, curtir mais, aproveitar mais. O que você quiser fazer.
Autoconhecimento é chave
Ao nos conhecermos e entendermos como nos sabotamos, aprendemos a lidar melhor com cada situação e consigo mesmo. Você não precisa mais gastar tanta energia lidando com todo aquele lixo emocional (raiva, culpa, impotência, incapacidade) que a autossabotagem gera, aquela âncora pesada que o sabotador traz para nossa vida.
O sábio é inteligente, lida com sabedoria e discernimento em cada situação, aprende, se desenvolve e cria. Ele ajuda os outros, ele aprende a pedir ajuda e aprende a ajudar aos outros. E todos nós temos esses recursos instalados no nosso cérebro, precisamos aprender a utilizar. É como um músculo, que se fortalece quanto mais é estimulado e atrofia quando não o utilizamos.
O sabotador não quer admitir que você precisa de ajuda, não quer admitir dificuldade ou necessidade, ele afasta as pessoas, não quer demonstrar nenhuma fraqueza, fica tudo mais pesado. Ele fica cada vez mais sozinho e cada vez mais carregado. E o fato é que todos nós temos dificuldades e pontos de desenvolvimento.
Podemos aprender com os outros, mas o sabotador é orgulhoso e não quer admitir que precisa de ajuda e não quer mostrar-se “fraco” na frente do outro. (Como se o desejo de aprender, buscar novos conhecimentos e se desenvolver fosse fraqueza!). Para o sabotador, não saber é errado.
Lembro-me de um grande gestor que tive nos tempos em que trabalhava no mundo corporativo, que falava: “Está tudo bem não saber. Vamos buscar a resposta ou construí-la”. Que maneira prática, focada na solução de encarar uma situação e sem o orgulho besta de sabotador, de que temos que saber tudo e sermos perfeitos em tudo, o tempo todo.
O sábio, quando começamos a trabalhá-lo em nossa cabeça, torna as situações cada vez mais leves, nos deixa cada vez mais soltos e as coisas começam a caminhar sobre uma outra perspectiva. E muita gente que tem o sabotador muito forte começa a pensar: “isso não tem como fazer”, “a vida não é assim!”.
São frases clássicas do sabotador. Para ele não existe outra forma de olhar que não seja a dele, e geralmente esta forma é difícil e é pesada (e única).
Precisamos começar a enxergar sob outras perspectivas, outras formas de enxergar uma mesma situação. Cada situação tem várias formas de serem enxergadas, trabalhadas, desenvolvidas e resolvidas. E todos temos muito a aprender com todas elas ou podemos sofrer muito com todas elas, distribuindo culpa e cobranças.
Ao final do dia, a escolha é nossa de como iremos trabalhar nossa cabeça.
É um treino, exatamente como uma academia.
Uma pergunta diária que você pode se fazer: como irei treinar a minha cabeça para conseguir lidar com cada situação do dia a dia, dos meus relacionamentos, no meu trabalho e desenvolvimento, nos meus objetivos para poder lidar mais fácil, melhor, para ter melhores resultados e para não sofrer tanto no caminho? (muitas vezes, sofremos além do necessário).
Boa parte de todo sofrimento que a gente passa vem da nossa cabeça. A maior batalha que vamos enfrentar na nossa vida é nossa batalha interna. É nossa autocobrança e nosso hábito de focar no que falta e esquecer de olhar o quanto já temos.
Quanto mais você aprender a lidar com essa batalha, mais fácil fica, mais leve, mais focado no amor da caminhada. Temos uma infinidade de pequenos momentos, pequenos gestos de amor e cuidado que recebemos dos nossos entes queridos, auxílio e ajuda que recebemos e sequer percebemos ou sequer damos importância ao longo do nosso corrido dia, focando única e exclusivamente no que falta. E a vida, cheia de presentes está passando ao nosso lado, sem que nos damos conta.
É o exercício de levar o foco cada vez mais em direção ao discernimento, em dar a real perspectiva para cada situação, no desenvolvimento e cada vez menos na crítica, na dor e no peso.
Lembre-se de trabalhar o sábio na sua cabeça. É um exercício, um treino, um desenvolvimento. É preciso conhecimento, técnicas, metodologia, trabalho duro em cima disso e com certeza fará muita diferença para poder viver melhor e ter uma vida muito mais apreciável, uma vida com muito mais satisfação e realização. Requer trabalho duro, teremos dificuldades, mas vamos encarar cada uma delas com muito mais facilidade e com muito mais força.
Fonte: Carreira