Boas notícias nos juros (aqui e nos Estados Unidos).
Os últimos dias foram positivos para os bancos centrais brasileiro e norte-americano, por meio, respectivamente, da queda da Selic e da manutenção dos Fed Funds. Nos últimos meses, ambos vinham apresentando um processo longo de subida das taxas, diante dos números atingindo um pico de 5,5% (lá) e 13,75% (aqui). Agora, no Brasil, a discussão para a próxima reunião do Comitê de Política Monetária (19 e 20 de setembro) é como será a magnitude desta segunda queda.
Os dados do Índice de Preço ao Consumidor Amplo (IPCA) de julho corroboram esse resultado, marcando 0,12%, bem perto do esperado. Apesar de um número fraco para o mês, as deflações que tivemos no ano passado, influenciadas pela baixa no preço dos combustíveis, levaram o índice de 12 meses a 3,99%.
O vilão da vez foi o segmento de transportes, com aumento de 1,5% (e influência de 0,31 ponto no índice cheio). A gasolina foi o maior responsável por isso. Por outro lado, a habitação apontou queda de 1,01%, graças à diminuição do custo da energia elétrica em algumas praças.
Mas a grande notícia vem dos serviços: a inflação do setor, em julho, atingiu 0,25%, contra 0,62% no mês anterior. Além disso, a inflação em 12 meses desse grupo já está a 5,63%, bem menor do que o pico de meses atrás. Assim, se mantivermos esse ritmo, o núcleo com base na média móvel trimestral da inflação pode chegar a 3% nos próximos meses. O resultado, inclusive, já faz algumas instituições financeiras repensarem em uma queda de 0,75 ponto na próxima reunião do Copom. Aqui vale ressaltar que, no comunicado e na ata, o comitê apontou que os serviços seriam o fator determinante para os próximos passos das suas decisões.
Já nos Estados Unidos, a divulgação do CPI (índice oficial de inflação) também trouxe ventos favoráveis. O aumento de 0,2%, em julho, fez o índice anual subir ligeiramente, de 3% para 3,2%, embora o core tenha registrado queda (de 4,8% para 4,7%). Isso significa que a inflação está longe de ser resolvida, e há, ainda, pressão do mercado de trabalho, mas é claro que um processo benigno de diminuição do cenário inflacionário se desenha.
A tendência é que o CPI se mantenha nesse patamar anual, entre 3% e 3,5% até o fim do ano, números muito bons para o FED, uma vez que a autoridade monetária já prospectou queda na meta de 2% para médio e longo prazos. Para se ter uma ideia, até os aluguéis, que causavam preocupação, estão apresentando melhoras substanciais.
Esses dados, somados aos números bem fracos de inflação na China, tanto pela queda do consumo interno como pela diminuição nas exportações, podem gerar um baque nas taxas de juros no médio prazo, além de flexibilização da política monetária de grande parte dos países no mundo, com exceção da União Europeia.
Essa conjuntura pode ser positiva para uma retomada econômica, após uma parada menos radical, a fim de resolver os desequilíbrios monetários de anos atrás. Caso o Brasil se prepare, ao adotar postura responsável e reforçar os pilares do equilíbrio macroeconômico, pode se beneficiar desse novo padrão.
Fonte: Economia