Inflação mantém a estabilidade econômica.
A divulgação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de setembro, pelo IBGE, não trouxe surpresas para os mercados, tampouco mudanças relevantes nas expectativas quanto à política monetária, registrando alta de 0,44% nos preços. No acumulado de 2024 até setembro, o indicador subiu 3,31%, enquanto nos últimos 12 meses, a variação foi de 4,42%, uma leve expansão em relação aos 4,24% observados até agosto. Para efeito de comparação, em setembro de 2023, o índice havia avançado 0,26%.
Esse resultado se manteve alinhado com as projeções dos analistas de mercado, que esperavam um IPCA de 0,45% para o nono mês do ano. O principal fator de pressão foi o aumento das tarifas de energia elétrica residencial, que subiram 5,36% em razão da adoção da bandeira vermelha, adicionando R$ 0,04463 por kilowatt (kWh) consumido.
Outro destaque foi o setor de alimentos e bebidas, que voltou a subir após quedas consecutivas, com alimentação no domicílio apontando alta de 0,56%, um impacto considerável para as famílias de menor renda. A alimentação fora de casa, por sua vez, também seguiu o padrão recente, com aumento de 0,34%.
O setor de Serviços, indicador importante para o Banco Central (Bacen) na análise de pressões inflacionárias relacionadas à demanda, trouxe uma boa notícia: a alta foi de apenas 0,15% no mês, conforme análise da XP Investimentos. Ainda que seja um índice volátil, essa desaceleração pode ser um sinal promissor para a política monetária nos próximos meses. Outra questão interessante foi o índice de difusão, que mede a porcentagem de produtos que encareceram no mês. Esse número se manteve estável em 56%, o mesmo nível registrado do mês anterior — mais uma vez, dentro do esperado.
De acordo com o boletim Bacen, a expectativa para o IPCA acumulado em 12 meses até dezembro é de 4,38%, tocando a banda superior da meta estabelecida. Os dados de setembro não devem alterar substancialmente essa projeção, e embora a inflação ainda esteja distante do centro da meta, a pressão inflacionária, mesmo presente, permanece moderada.
Por isso, se esses números se mantiverem nessa trajetória, é possível que o ciclo de alta da Selic seja breve, com ajustes pontuais para conter as pressões nos Serviços e ancorar as expectativas. A previsão de mercado continua se mantendo de mais dois cortes de 0,25 ponto porcentual na taxa de juros, caso a inflação siga controlada e o governo adote uma postura fiscal mais conservadora.
Fonte: Economia.