13º salário vai liberar R$ 84,8 bilhões este ano
As vendas de Natal devem ser fortes, a se julgar pelos sinais mais recentes da economia. Segundo cálculos do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), o 13º salário vai liberar R$ 84,8 bilhões a 69,9 milhões de trabalhadores. Esse valor equivale a 2,8% do Produto Interno Bruto (PIB) e é superior aos R$ 78 bilhões de 2008.
Outro sinal importante é o nível de inadimplência no comércio. Uma pesquisa da TeleCheque, que analisa a liberação de crédito em compras com cheques, apontou que foram honrados 97,76% dos cheques emitidos em outubro, 1,15% acima do mesmo mês de 2008.
"Os brasileiros estão honrando muito mais suas compras, negociando melhor as condições de pagamento com lojistas e encaixando os gastos com a renda mensal", comentou o vice-presidente da TeleCheque, José Antônio Praxedes Neto. "Com isso, o varejo fica mais confiante e oferece mais promoções."
Para muitos analistas, como o economista-chefe da LCA Consultores, Braulio Borges, e o economista da Tendências, Alexandre Andrade, fatores domésticos, como a vigorosa concessão de crédito e bom desempenho do mercado de trabalho ajudam a explicar por que o consumo cresce, mas sem aumento da inadimplência.
Borges destacou que a economia brasileira deve crescer 2,1% no terceiro trimestre ou 8,66% em termos anualizados. Ele estimou que as vendas do varejo em volume em novembro e dezembro devem crescer 7% ante o mesmo período do ano anterior. "Diante das circunstâncias globais, trata-se de um resultado muito bom."
"Outro fator que vai colaborar para o avanço do consumo é o câmbio valorizado no nível de R$ 1,70", comentou. Além de o real mais valorizado tornar mais baratas as importações, ele diz que o custo das viagens de avião, ligadas ao preço em dólar do combustível, caiu e favoreceu o turismo nacional.
O economista da Tendências, Bruno Rocha, destaca que a concessão de crédito para as famílias neste ano deve atingir R$ 461,3 bilhões, 13,34% acima do nível de 2008. Esse aumento é pouco inferior aos 17,29% de expansão do ano passado em relação a 2007, quando atingiu R$ 347 bilhões. "O volume de liberação de empréstimos subiu bem diante de um nível já elevado registrado no ano passado."
DÍVIDAS
Os trabalhadores que receberão a primeira parcela do 13º salário em 30 de novembro vão utilizar o dinheiro para pagar dívidas, em vez de formação de poupança. Segundo pesquisa da Associação Nacional dos Executivos de Finanças Administração e Contabilidade (Anefac), 64% dos consumidores pretendem pagar dívidas com o 13º salário - um resultado 4 pontos porcentuais acima do registrado no ano passado (60%). Apenas 1% planeja poupar parte dos recursos. Em 2008, eram 2%.
De acordo com a pesquisa, o aumento do uso do 13º salário para pagar dívidas demonstra que a crise, além de provocar retração econômica, desemprego e dificuldade no acesso ao crédito, aumentou o endividamento dos consumidores.
Fonte: O Estado de São Paulo