Alta da inflação é estimulada pelo aumento dos preços no atacado. Avalia Professor da FGV.
A projeção de inflação para este ano se aproxima de 5%, distanciando-se da meta de 4,5%. Para o professor Evaldo Alves, da Escola de Administração de Empresas da Fundação Getúlio Vargas (FGV), de São Paulo, um dos motivos mais fortes para a alta do Índice Nacional dos Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) é o aumento nos preços do atacado.
Alves disse que o Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI) teve sua projeção anual aumentada de 5,70%, para 5,91% no boletim Focus que o Banco Central divulgou em 08 de março, e o Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M) também cresceu de 5,86% para 5,88%.
Os dois indicadores são usados pela FGV para medir a tendência dos preços no atacado. O professor salientou que os aumentos no atacado “tendem a se propagar por toda a economia”. Daí a necessidade, segundo ele, da adoção de medidas corretivas para que a inflação não se estenda desordenadamente.
Embora a maioria dos analistas financeiros aposte na elevação da taxa básica de juros (Selic) só de abril em diante, Evaldo Alves entende que “a situação econômica já está abrindo caminho” para elevação em torno de 0,5 ponto percentual. É uma sinalização de que o Comitê de Política Monetária (Copom) pode antecipar o aumento da taxa na reunião que fará na semana que vem, dias 16 e 17.
O professor acredita que as flutuações de preços ora em andamento abrem espaço para uma taxa Selic de 11,25% no fim do ano, contra os 8,75% ao ano, que está em vigor desde julho do ano passado e é o nível mais baixo da taxa básica de juros desde a criação do Copom, em 1996.
Alves afirmou que as altas dos índices de preços no atacado devem deixar os consumidores atentos. “O mercado está sinalizando uma contenção de gastos, e o consumidor deve evitar contrair dívidas. Para aquelas pessoas que têm uma reserva, o recomendável é investir em ativos conservadores e de alta liquidez”, recomendou.